quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Esses cachorros incríveis e suas histórias extraordinárias


Lulu

A Lulu é uma cachorrinha sensacional. Mas é mesmo. Não é aquela conversa mole de dona de cachorro quando encontra outro dono na praça ou quando mostra as fotos do bichinho no álbum do celular.
É porque ela tem um hábito que a torna assim tão especial. Ela fala. Que nem gente. Mas tem uma coisa: fala em japonês. Como eu descobri se eu não falo japonês? Foi fácil, o melhor amigo do meu filho é descendente de japoneses e foi ele quem desvendou o segredo da Lulu.
Mas eu preciso começar novamente essa história, senão vocês vão ficar confusos e eu quero que vocês concordem comigo que a Lulu é mesmo sen-sa-cio-nal.
Eu tenho uma amiga, a Lúcia, que é defensora de tudo o que vocês possam imaginar: criança sem casa, mulher que apanha de marido, todos os tipos de homossexuais, floresta, água e... cachorros. Ela é louca por eles. Tem uma ONG com outra amiga, que fica lá em Jacarepaguá (claro que tinha que ter nome de bicho no meio), chamada “Fuços e Focinhos”. Elas recolhem cachorros abandonados na rua, cuidam deles e depois ficam atrás de quem queira adotá-los.
Eu já tinha um cachorro – o Simba, que vocês já conhecem — , mas não consegui resistir aos apelos da Lúcia quando ela cismou que eu tinha de ficar com a Lulu. A conversa foi mais ou menos assim.
— Mas, você tem que ficar com a Lulu. Ela é a sua cara. Não, eu não estou dizendo que você parece uma cadela, não, amiga. É que o jeitinho dela combina com o seu. Ela é alegre, saltitante, muito meiga, um doce.
Bom, depois desses argumentos, como dizer não? E ainda teve mais:
— Além disso, ela praticamente me disse que queria ficar com você. Não, eu não estou apelando. Também não tô enlouquecendo, amiga! Sei lá, foi uma intuição. Depois daquele dia que você veio aqui, ela chorava só de escutar o teu nome. Sério! Não estou inventando. Olha, fica com ela uns dias e você vai ver que eu tô falando a verdade. Eu sabia que você ia ficar com ela, você vai amar...
E lá fui eu pra Jacarepaguá buscar a Lulu, a cachorra apaixonada.
Mas quando eu cheguei, realmente, só de ouvir minha voz, ela veio lá de trás da casa, correndo feito uma louca e pulou tão alto que eu tive que colocá-la no colo. A danada me lambeu todinha. Uma lambança só.
No chão, mocinha, no chão.
E o rabo? Eu já tinha visto cachorro balançar o rabo de alegria, mas rodar que nem hélice de avião, nunca. E o rabo rodando sem parar.
Aí ela falou pela primeira vez comigo. UAHHHUUAUAUAAAAUIARRRUAIAAAIAAAAIII! E outros sons assim parecidos. Eu achei muito engraçado, claro, mas não entendi nada e muito menos percebi que aquilo era japonês. Por uns segundos, achei que ela realmente tinha falado algo, só que eu não ia dar o braço a torcer e entrar na maluquice da Lúcia de cachorra falante.

Antonella

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